segunda-feira, maio 04, 2009

Palmeiras de Timor: a tuaqueira (Arenga pinnata)

Já nos referimos anteriormente à tali metan (tali negra), como uma das "árvores" providenciais de Timor Leste. Dá muito, em troca de nada. As fibras negras que envolvem o espique, o gamuti, e que os timorenses usam na cobertura das casas tradicionais, também eram usadas pelos navegadores nas cordas das embarcações, sendo uma das fibras que mais resiste à água do mar. Há notícias de plantações destas palmeiras em Malaca exclusivamente para este fim. Mas a tali metan dá sobretudo a tuaca, a sua seiva, que é um líquido doce e com algum álcool, que se bebe mesmo sem fermentar. Destilando a tuaca obtém-se a tua sabu, uma aguardente. Por acidificação acética a tuaca transforma-se em tua sin, um vinagre. Mas a partir da tuaca também se obtém o famoso açúcar de palma, que já referi na publicação anterior, muito consumido em todo o sudeste asiático. E tudo isto a partir de uma planta que em Timor raramente é cultivada.
Mas o mais interessante é observar a forma engenhosa como os timorenses sangram as tali metan e fazem canalizar a seiva através de bambús para dentro de depósitos plásticos. Na foto de baixo, podemos ver uma destas árvores "canalizadas" e que eu encontrei num dos meus muitos passeios por Dare e pelos seus palmares de talis metan.
Seria importante estudar a utilização deste vinagre de palma de Timor Leste, facilmente produzido pelos agricultores, na conservação de alimentos, à maneira dos pikles.