A tali é uma das palmeiras mais vulgares em Timor Leste. Quem chega a Timor e aterra no Aeroporto Nicolau Lobato, em Comoro, é recebido por uma autêntica floresta de talis. É uma planta que se pode ver um pouco por toda a parte na costa norte de Timor. Na verdade esta palmeira é nativa do sudeste asiático e existe desde a Índia ao norte da Austrália. Gosta das savanas e das zonas inundáveis nas margens dos rios e lagos.
As talis na estrada para Maubara - Tali sira besik dalan ba Maubara
É das maiores palmeiras do mundo e os exemplares adultos podem atingir 20 m, com folhas enormes de 5 a 7 m de envergadura. Só floresce e frutifica no final da vida. Assim, quando vemos uma tali em flor é sinal que ela vai morrer (palmeira monocárpica). A sua inflorescência é das maiores no reino vegetal: uma gigantesca pluma com mais de um milhão de flores e com a altura de 5 m ! É uma planta de crescimento muito lento e que só se dá no clima tropical.
Frutos da tali - Tali aifuan
Bastante importante nas Filipinas, onde as suas folhas constituem a base de uma significativa indústria de artesanato (chapéus, sacos, roupas, cordas,…). Em Timor Leste o povo também faz inúmeros objectos com as folhas da tali, desde esteiras a caixas para cigarros e chapéus, e os visitantes podem adquirir este belo artesanato junto às estradas e em locais como Metinaro ou Maubara. Mas a tali é uma autêntica fonte de bens. Da sua seiva extrai-se vinho, vinagre e açúcar e os seus espiques (o tronco) fornecem amido (sagu). Dos pecíolos das folhas secas fazem-se paredes para as casas de palapa. Têm ainda enorme importância para a manutenção da biodiversidade pois as suas coroas de folhas abrigam grande número de espécies de aves. O pólen das flores serve de pasto às abelhas e estas, por sua vez, atraem muitos pássaros insectívoros.
Agricultor reboca pedaços de tali para fazer farinha (Laleia) - Tali atu halo uut (Laleia)
Podemos reproduzir as talis por sementes. Mais rapidamente podem-se aproveitar as plantas jovens que surgem na terra, junto à base do espique, quando têm já 5 a 7 folhas. Colhem-se com o máximo de raízes e plantam-se em vasos ou sacos. Permanecem num viveiro à sombra cerca de um ano. De seguida colocam-se gradualmente ao sol durante 6 meses e plantam-se no início da estação húmida.
Ita bele hare tali sira iha hotu Timor-Leste. Bainhira to’o Aeroporto Nicola Lobato iha aviaun , ema hare tali barak hanessan jardim boot ida. Furak tebetebes ! Tali moris iha India, Filipinas, Indonésia no Norte Austrália. Nia ai tropikal katak la gosta malirin. Nia gosta mós fatin besik mota sira, tanba rai iha bé barak nafatin. Tali sai boot até 20 m ! Bainhira tali funan nia mate afoin (palmeira monocárpica).
Iha Filipinas ema halo indústria xapeu importante tebes ho tali tahan. Tali fo mós tua, tua-siin, uut. Ho tali tahan ema halo mós didin uma nia. Tali ida mós uma ba manu fuik barak, ne’e duni sira importante tebes atu biodiversidade no ekologia. Bani gosta tebes tali funan nia.
Tali funan iha Centro de Formação Profissional iha Tibar - Tali em flor no Centro de Formação Profissional, em Tibar.
Ita bele kuda tali ho mussan ka ho ai kiik (ho 5-7 tahan). Ho métodu ne’e ita tenke hasai tali kiik ho abut boot. Afoin Ita lori sira ba viveiru ho mahan, iha ka’ut plástico. Afoin tinan ida ema bele lori tali ba fatin laho mahan durante 6 fulan. Bainhira baiudan to’o ita bele kuda tali iha to’os.
Tali kiik iha Tibar - Jovem tali em Tibar
2 comentários:
Caro Lança,
Este ano, em meados de Agosto, vi pela primeira vez, na estrada perto de Manatuto (a recta de Manatuto) dois timorenses rebocando rolos como os da foto. Calculei que fossem para ser utilizados como sagu. Amiga minha disse-me que as pessoas só recorrem a este tipo de alimento quando já estão sem reservas alimentares; serão, pois, um sinal de fome na região.
Confirma?
Almeida Serra
A nossa foto foi obtida em Maio, no início da estação seca. As situações de fome ocorrem mais para o final da estação seca, quando os recursos alimentares se esgotam. Mas é posível que seja um alimento SOS. De resto a farinha ou amido de sagu também se obtém do espique das outras palmeira de Timor: o coqueiro (Cocus nucifera), a tali metan (Arenga pinata) e a verdadeira palmeira de sagu ou aka (Metroxylon sagu), que em Timor existirá mais para a costa sul. Mas o mais fácil é ir ao restaurante da D.Fina, lá na praia da Areia Branca e pedir o seu magnífico pudim de sagu...
A.Lança
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